Mesmo diante do cenário pandêmico e de cortes de verbas contínuos, o LADIGE junto a toda Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) manteve suas atividades na promoção e fortalecimento da ciência brasileira, prestigiando pesquisas e trabalhos de Iniciação Científica pensados e coordenados pelo seu corpo discente, docente e técnico. Assim, o desafio de promover eventos acadêmicos de forma remota síncrona e assíncrona demandou ajustes duros no desenvolvimento de ferramentas para melhor executá-los e apresentar seus resultados a todos. 

A produção acadêmica de qualidade da UFRJ nunca parou mesmo com os cortes e ataques contínuos que vem sofrendo por parte desse Governo Federal. Portanto, com todas as dificuldades, corajosamente, nos lançamos no ciberespaço com a 42ª Edição Especial da XLII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural, de 22 a 26 de março de 2021. E, com todo respeito ao sofrimento que vivemos nesse momento, a XLII JICTAC cumpriu seu papel de divulgação da ciência, mesmo tendo que conviver com as mortes que poderiam ser evitadas por medidas preventivas conforme vem sendo exposto na CPI da COVID. Sendo assim, somos agradecidos aos organizadores e a todos que se esforçaram para que esse evento fosse possível.

O LADIGE é um núcleo de estudos que vem desde 2016 desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão, mas nunca como alternativa à versão presencial que foi suspensa na pandemia. A internet e as redes de comunicação global configuram espaços reais, apesar de virtuais na contemporaneidade, que nos proporcionam esse espaço de acesso livre à produção pedagógica e científica de formação profissional. Logo, o LADIGE foi criado como recurso interativo para estreitar relações sociais e acadêmicas, considerando um convívio social que foi modificado pelas novas tecnologias de informação e comunicação.

Assim, desde o início vivenciamos o ciberespaço como contorno para nossa interdisciplinaridade em nosso site. Mas nunca tivemos que suspender nossas atividades por uma pandemia antes. Nunca a ocupação do espaço virtual foi tão urgente como é hoje. Agora, com a responsabilidade de conduzir atividades de Graduação e Pós Graduação inteiramente remotas, são seguidas as diretrizes de funcionamento em que, a UFRJ, na condição de um bem público e social para todos os brasileiros, teve que se adaptar ao modelo de ensino remoto em seus serviços especializados, ensino, pesquisa e extensão. O imperativo de uma crise emergencial mudou todo o cenário acadêmico e não se posicionar é ser conivente com o estrangulamento econômico e político que vem sendo feito não só com a UFRJ mas, também, com outras diversas Universidades e Institutos públicos nacionais como UFF, UnB e CEFET, por exemplo, por isso o pesar.

 

Dois trabalhos no LADIGE foram premiados entre os debates e exposições de estudos científicos apresentados na JICTAC em 2021 com Menção Honrosa, e nos orgulhamos deles e de todos os outros apresentados. A nossa proposta interdisciplinar de estudos é coletiva e colaborativa em sua prática cotidiana, portanto, todos estamos envolvidos seja como autores, seja como apoiadores. Assim, nosso objetivo é que esse seja um lugar humanizado para estudos sistematizados de compreensão de novas sensibilidades voltadas para práticas alimentares  

Nesses trabalhos premiados, um dos campos de pesquisa são territórios de extrema pobreza, onde as práticas alimentares revelam a precariedade de um ambiente severamente desgastado. O estudo premiado teve como objetivo analisar a existência de territórios marcados pela presença de aterros e lixões no Brasil e no mundo. Os resultados trazem para o centro do debate os moradores e catadores informais dessas regiões frente a uma agenda pública de gestão ambiental. Além dos riscos químicos, infecções, danos ergonométricos e traumas mecânicos, esses modelos globais de exclusão social inviabilizam recursos humanos para reação e sobrevivência frente à vulnerabilidade emocional que provocam nas relações sociais.  Será que o colapso que Marx explicou no século XIX está sendo materializado nesses lixões do século XXI?

Assim como a exclusão social dos lixões, a memória da infância também coloca nossa condição humana em cheque. A percepção infantil na narrativa de um conto do escritor angolano Ondjaki mostra diferenças sociais no outro trabalho premiado. Assim, a análise das memórias da narrativa do autor-criança evidencia uma contraposição de estilos de vida entre Benguela e Luanda, duas importantes cidades angolanas. Através de marcas de alimentos como figuras representativas da industrialização globalizada, por exemplo de uma bebida americana específica, a análise materializa uma certa ordem socioeconômica. Poderíamos nos perguntar se as marcas dos alimentos nos passam mensagens ocultas? O que você pensa?

Leia os resumos, aliás, leia todos os resumos que lhe interessar no site, pois todos os estudos foram feitos pra você acessar. A Universidade pública é um espaço mediador e integrativo de proteção do pensar. E o nosso papel é entender os variados tipos de imagens e discursos na disputa por verdades e direitos na socialização do conhecimento. Portanto, o LADIGE é um espaço da UFRJ que está de portas abertas: acesse o site!