Algumas coisas, infelizmente, não saem de moda como a fome. Portanto, as leituras sobre Josué de Castro retornam ao universo da Alimentação e Nutrição, de forma super atualizada: “Josué ontem, hoje e sempre.”

O vídeo “Josué de Castro ontem, hoje e sempre” foi uma iniciativa do LADIGE com o apoio do Projeto “Memorial Professor Josué de Castro”, sendo produzido em 2020 e lançado na comemoração dos 75 anos do Instituto que leva seu nome: Instituto de Nutrição Josué de Castro/INJC, da Universidade Federal do Rio de Janeiro/ UFRJ. Josué foi um médico, inovador no combate à fome, defendendo que essa é, acima de tudo, uma questão social e política. Apesar disso, seu nome nunca fez parte dos debates informais entre os alunos. No entanto, no ano de 2020, a pandemia de Coronavírus abriu o véu da miséria existente no país e no mundo, deixando evidente a desigualdade social e a insegurança alimentar há longo tempo denunciadas em suas obras como “Geografia da Fome” e “Geopolítica da Fome”. Importante ressaltar que, em 2020, ele foi lembrado em diversas atividades virtuais, trazendo o tema fome para o centro das discussões. Esse vídeo é, portanto, uma dupla homenagem: ao autor e ao Instituto que leva seu nome.

Estivemos preocupados em impactar e sensibilizar o público para a atualidade de sua denúncia neste momento em que vivemos tanto descaso do poder público. Sendo assim, produzimos essa versão midiática do vídeo problematizando o fato que, o nosso Brasil, embora seja um grande produtor de alimentos, mesmo com toda tecnologia do mundo contemporâneo, continua convivendo com a perversidade da fome. A atualidade da obra de Josué no campo da Alimentação e Nutrição, longe de se limitar por uma geografia nos moldes antigos, a crítica é à permanência da desigualdade social na população brasileira. Segundo ele, a fome não está diretamente ligada à produção e distribuição de alimentos, não se trata de uma geografia estabelecida por contornos físicos, mas da organização social e política que dá corpo a ela. Logo, os dados brutos de produção de alimentos encobrem a vida pobre e carente do outro lado da moeda. Portanto, não nos bastam números, é preciso enxergar as pessoas pela ótica de uma universidade que seja pensadora e inconformada com a pobreza.

Dessa forma, o roteiro do vídeo foi concebido para retratar diferentes cenários da vida cotidiana urbana de periferia, com personagens estilizados representados por membros da equipe produtora do vídeo. Assim, a linguagem precisou ser afetuosa e lúdica para envolver nossos jovens estudantes. O vídeo contou com a produção musical de autoria do grupo “Lanatanpa”, roda cultural de Hip hop, da baixada fluminense do Estado do Rio de Janeiro. O compositor do rap de Josué destaca a fome como um flagelo social, a exemplo do que pregava o homenageado. Além disso, para produzir o vídeo, foram utilizados equipamentos comuns, como câmera e áudio de aparelhos celulares para a filmagem, além de contar com ajuda da expertise de membro da equipe para o trabalho de edição. Logo, a produção do vídeo trouxe a oportunidade de reverenciar Josué de Castro e suas contribuições à Academia e à vida nacional, destacando aspectos de seu pensamento que permanecem atuais – apesar das mais de 7 décadas que decorrem da publicação de suas obras clássicas.

O vídeo foi exibido, pela 1ª vez, em sessão solene da congregação do INJC em quatorze de dezembro de 2020, por ocasião da abertura do ano comemorativo pela passagem dos 75 anos da instituição que será celebrado ao longo do ano corrente. Destaca-se que, Josué de Castro, foi fundador e primeiro diretor do Instituto de Nutrição da então Universidade Brasil, em 1946, e que passou a ostentar seu nome ao completar 50 anos de existência, no ano de 1996. 

As comemorações do jubileu de brilhante do INJC reverenciarão o patrono da instituição, não apenas por sua história para a criação da instituição mas, para também, homenagear o aniversário de 75 anos da obra mais consagrada e clássica de Josué,- o “Geografia da Fome”-, no qual utilizando o método geográfico desenhou o mapa da alimentação e dos problemas nutricionais do Brasil a partir de sua época e de  fatores históricos e condicionantes.

 “Josué da fome”, como também era conhecido, foi um personagem marcante de seu tempo. Entretanto, seu legado também marca os dias atuais, convidando as gerações, tanto presente, quanto às futuras, a estarem na luta e na busca por um mundo sem fome. Por isso, o título “Josué ontem, hoje e sempre”. Porque entendemos que a busca da universidade pública por conhecimento não faz sentido se seus efeitos e produtos não contemplarem todos os nossos tantos brasis. Assim, assista o vídeo! Torcemos para que Josué seja uma inspiração para você e para as novas gerações acreditarem que podemos viver em um mundo sem fome, provavelmente, nos termos de Josué, se assim fosse, essa seria a parte da humanidade que consegue colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz.